Corinthians x Del Valle: mitos e verdades de jogar na altitude de 2.800 metros


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O Corinthians enfrenta o Independiente Del Valle nesta quarta (7) na cidade de Quito, no Equador, na 5ª rodada da fase de grupos da Copa Libertadores. O Timão não tem escolha: é vencer para tentar a classificação para as oitavas de final ou ser eliminado em caso de derrota.

O Del Valle, atual campeão da Copa Sul-Americana, vem forte. Lidera o Campeonato Equatoriano e já venceu o time brasileiro por 2 a 1 na última terça (2), na NeoQuímica Arena. Agora é a vez do Corinthians enfrentar o Del Valle na casa do adversário. Mas tem aquele detalhe que apavora os clubes brasileiros: a altitude de mais de 2.800 metros de Quito.

A situação, caro leitor, é tensa e dramática para os torcedores do alvinegro. Veja este levantamento divulgado pela revista Placar. Antes desta edição da Libertadores, 121 partidas foram disputadas por times brasileiros no torneio em estádios acima de 2.500 metros de altitude. Foram 59 derrotas. A vitória veio em 35 jogos, com 27 empates.

Este padrão assusta muitos torcedores. E, nas vésperas dos jogos em altitudes elevadas, surgem dúvidas sobre como o cenário impacta no desempenho e na saúde dos atletas.

O Giz Brasil separou alguns mitos e verdades sobre o assunto para você ficar por dentro. Confira:

Há menos oxigênio em altitude maior?

Não é bem assim. À medida que a altitude aumenta, o ar se torna menos denso – é o “ar rarefeito” que dizem os meteorologistas. Isso significa que a quantidade de oxigênio no ar inspirado permanece a mesma. Porém, como as moléculas de gás estão mais distantes umas das outras, há uma queda na pressão parcial do oxigênio inspirado – e na pressão motriz para a troca gasosa nos pulmões.

O resultado é que o conteúdo de oxigênio obtido em cada respiração reduz conforme a altitude aumenta. E a pressão do ar diminui. Tudo isso produz um efeito dominó até o nível das mitocôndrias. Elas são as usinas de energia das células do nosso corpo e o destino final do oxigênio.

A saturação de oxigênio no sangue e no cérebro diminui em pessoas não adaptadas ao ambiente em questão. A respiração fica ofegante e a frequência cardíaca aumenta, na tentativa de obter e enviar mais oxigênio para o organismo. Os sintomas da hipóxia incluem tontura e náuseas, mas o mais evidente nas partidas em altitudes elevadas é o cansaço rápido dos atletas.

Quem mora em altitude maior leva vantagem?

Sim, há evidências que indicam que as pessoas nativas de regiões altas se dão melhor. Um estudo publicado na revista espanhola Archivos de Medicina del Deporte, por exemplo, comparou atletas bolivianos que viviam a 150 metros com outros que moravam a 3.600 metros. Os grupos foram examinados em ambas as altitudes.

Depois de seis horas na altitude maior, o grupo 2 ajustou melhor a respiração para compensar a pressão parcial reduzida de oxigênio, perceberam os pesquisadores.

Outro trabalho, publicado na revista PNAS, indicou que as pessoas que moram ou são nativas de lugares em altitudes elevadas têm maior capacidade aeróbica em relação a outros indivíduos. Isso porque contam com adaptações genéticas.

O estudo com 429 pessoas quechua residentes no Peru e 94 habitantes brancos de Nova York descobriu que cinco marcadores genéticos próximos ao gene EGLN1 estão consideravelmente mais presentes no primeiro grupo.

O gene codifica uma proteína que regula a maneira como as células respondem ao baixo oxigênio. E os cientistas acreditam que essas variantes genéticas estão associadas a uma maior capacidade aeróbica na hipóxia.

Chegar em cima da hora é um bom negócio?

Sim. Especialistas afirmam que o ideal é que os atletas que não são nativos de lugares como a cidade de Quito passem um período prolongado de adaptação, de aproximadamente 16 dias, antes da partida que vão disputar. O problema, você sabe, é que os times de futebol geralmente não têm esse tempo todo para viajar com antecedência e se acostumar à altitude local.

Então, o que geralmente se faz é investir num bate-volta e chegar ao destino próximo ao horário do jogo. A estratégia visa mitigar os impactos do ar rarefeito, e os jogadores adotam porque acredita-se que o organismo de alguém que não está acostumado à altitude manifesta os problemas relacionados à baixa pressão parcial de oxigênio com mais intensidade entre 24 e 28 horas de exposição.

A bola fica mais rápida?

Sim. As bolas de futebol podem viajar mais rápido e reto no ar em estádios de altitudes elevadas, como em Quito, do que em altitudes mais baixas. Isso acontece porque a densidade e a pressão do ar influenciam fenômenos aerodinâmicos como o arrasto e a sustentação.

Explicamos: a sustentação é a força que segura um avião no ar, por exemplo. O movimento de um fluido (o ar) passando por um objeto (a bola, no caso do futebol) e a diferença de velocidade de ambos geram a força. Ela atua perpendicularmente ao movimento e influencia na trajetória da bola.

O arrasto, por outro lado, também é gerado pela diferença de velocidade entre um objeto e o fluido que ele atravessa – mas age na direção oposta ao movimento. O atrito superficial entre as moléculas do ar e a superfície da bola, por exemplo, é uma fonte de arrasto – e pode diminuir a velocidade da pelota. (E você aí achando que a velocidade de alguma coisa se resume ao deslocamento dividido pelo intervalo de tempo.)

Os jogadores que estão cientes das peculiaridades aerodinâmicas de um lugar podem ter uma vantagem sobre aqueles que não estão, alertou Rabi Mehta, engenheiro aeroespacial da NASA, na época da Copa do Mundo da África do Sul – cujo estádio de Joanesburgo está 1.680 metros acima do nível do mar. “Quando a pessoa está passando a bola, ela deve perceber [que precisa] chutar com menos força do que usaria faria no nível do mar.”

Fonte: gizbrasil

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